segunda-feira, 14 de julho de 2014

Por que o médico veterinário sempre colhe sangue do pescoço?

Existem diferentes acessos venosos para coleta de sangue em cães e gatos. Podemos utilizar as veias cefálicas (das patinhas da frente), as safenas laterais e mediais (vv. safenas laterais e mediais - patinha de trás), dentre outras. No entanto a veia jugular, localizada no pescoço tanto de cães quanto gatos, oferece um excelente ponto de coleta de sangue.

figura 1. Localização da veia jugular na região cervical de um cão (estrutura azul). Em amarelo estão representadas glândulas salivares.


Existem alguns pontos positivos que devem ser considerados na coleta de sangue da veia jugular (pescoço):

*O sangue colhido da JUGULAR é de melhor qualidade pois na coleta dispensa excesso de pressão na seringa, fato que preserva a integridade das células sanguíneas. Quando a coleta é feita na veia da "patinha", este sangue pode hemolisar (células destruídas). Isso acontece principalmente quando o paciente é de pequeno porte onde a veia é proporcional ao seu tamanho, muito pequena. Por este motivo sugere-se que em animais de pequeno porte, a coleta seja sempre via jugular (vaso mais calibroso).

* A coleta é muito mais rápida pois o vaso é calibroso o que permite a retirada da amostra de sangue em menos tempo.  Por este motivo, essa veia é a de eleição para coleta de sangue para bolsa de transfusão.


* Não compromete o acesso venoso para administração de medicamentos ou soro, geralmente feito nas "patinhas". Se a coleta de sangue é feita em uma das patinhas, em geral essa veia não pode mais ser utilizada como acesso para administração de medicamentos.

Alguns fatores limitam a coleta de sangue via jugular, são eles:

* Dor cervical: animais que tem algum tipo de discopatia (hérnia de disco), lesão de vértebras cervicais (pescoço) devem ser manipulados com cuidado. Deve-se evitar a manipulação do pescoço e nestes casos, efetuar a coleta de sangue de outro local.

* Lesões no leito jugular. Deve-se evitar a coleta de sangue nessa região quando houver feridas, queimaduras, tumores, lesões graves de pele no leito da jugular,  onde ela "corre".

Figura 2. Posicionamento de paciente canino para coleta de amostra de sangue via jugular. A mão esquerda da pessoa que coleta faz o garrote.


Figura 3. Posicionamento para coleta de sangue via v. cefálica. O auxiliar faz o garroteamento da veia, podendo ser feito também com uso de uma faixa elástica.


Muitos proprietários se espantam quando o médico veterinário diz que necessita da coleta de sangue da jugular, `as vezes refugando a coleta. No entanto devem ser conscientizados sobre os benefícios desse tipo de coleta. Caso sinta-se desconfortável em assistir a coleta, peça para sair da sala. NENHUM médico veterinário tem como intuito fazer qualquer mal ao paciente, sendo ele manso ou agressivo.
E lembre-se, a picadinha que o paciente sente no pescoço é a mesma ou inferior do que a deferida na coleta do braço.

Por fim podemos concluir que, quando a amostra de sangue necessária for moderada a grande, quando o porte do paciente for pequeno, deve-se efetuar a coleta de uma veia calibrosa como a JUGULAR. Quando o volume necessário for pequeno ou quando houver limitações (descritas acima), pode-se efetuar a coleta de veias menos calibrosas como a v. cefálica ou safena.

Fonte imagens:
Figura 1
Figura 2 Catthevet
Figura 3 Vetmed

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